domingo, 1 de novembro de 2009

Um dia pra se dizer" "Até Logo"


Era fevereiro de 2005 e eu trabalhava como pastor na cidade de Curitiba. Enquanto as festas tomavam conta das ruas por ocasião da chegada do carnaval, nossa família preparava-se para o tradicional acampamento de jovens. Malas, Colchões, barraca, bolsa térmica e outros utensílios indispensáveis, estavam espalhados por toda a sala esperando para serem entulhados no porta-malas do carro. O telefone tocou cedo naquela manhã movimentada. A voz do outro lado anunciava um falecimento. E assim, novos planos para o restante daquele dia. Troquei a bermuda e o tênis por um par de sapatos e um paletó. Em menos de uma hora chegava à casa de um jovem casal, que acabara de perder sua criança de poucos dias de vida. Nunca poderei me esquecer daquela cena, o pai que se debruçava sobre o corpinho de uma menina de aparência angelical, correu ao meu encontro e abraçou-me dizendo: "Pastor, eu perdi minha princesa!"
Talvez você já tenha presenciado cenas assim. As palavras ficam presas na garganta, desejamos voltar pra casa naquele mesmo instante, só para abraçar nossos filhos e pessoas que amamos tendo a certeza de que eles estão bem. Um turbilhão de sentimentos nos leva a profundas reflexões e não nos damos conta de que a morte, afinal de contas, nos faz pensar na vida. Mesmo as pessoas que convivem diariamente com falecimentos, exercendo seus ofícios em necrotérios e hospitais, já viveram a amarga sensação de perder uma parte de si mesmos, pois é isso que a morte faz, arranca um pedaço da gente. Confesso que me sinto cansado de dar adeus a tantas pessoas queridas.
Neste feriado, em que milhares de pessoas vão aos cemitérios prestar homenagem aos amados que se foram seria mais do que oportuno considerar, o que o originador de toda a vida nos diz a respeito da morte. Na Bíblia, o livro mais lido de todos os tempos, descobrimos que, a morte nunca fez parte dos planos de Deus. O Criador originalmente modelou o ser humano para viver com abundância e eternamente. Foi somente com entrada do pecado neste mundo que a morte passou a existir. Isso aconteceu quando nossos primeiros pais, Adão e Eva, fizeram uma escolha que acarretou em miséria e desgraça para toda a humanidade.
Mas você já deve ter se perguntado: O que acontece quando morremos? Pra onde vamos? Será que aqueles filmes da televisão sobre pessoas que saem do próprio corpo ou espíritos que vagueiam pela terra são baseados na verdade, ou seriam mera ficção? A Bíblia compara a morte a um sono por mais de 50 vezes. No livro de Eclesiastes (9:5 e 6) encontramos: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol”. Esse estado de inconsciência dos mortos, no entanto, não será pra sempre. Há uma esperança para aqueles que dormem. O mesmo Jesus que morreu na cruz e dividiu a história prometeu voltar. O apóstolo Paulo escreve em I Tessalonicenses 4:16: “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro” . É por isso que em Apocalipse 1:18, Jesus se apresenta como aquele que tem as chaves da morte.
Você pode hoje recordar-se daqueles que lhe foram tirados, pode até chorar por eles, mas não se esqueça de que um dia, também poderá voltar a abraçá-los. A morte tem seus dias contados, as lágrimas finalmente cessarão, não mais haverá dor ou separação, porque Deus fará nova todas as coisas (Ref. Ap.21:5).
“Você verá sua princesa outra vez”, essas foram minhas últimas palavras para aquele pai antes de despedir-me naquele dia fatídico. Encontrei ainda a mãe daquela menina, mais uma vez. Ela não chorava mais e falou-me da esperança que tinha de rever seu bebê, trazia no olhar um brilho inconfundível, que só tem aqueles que acreditam e esperam. Para estes, cada despedida, por mais dolorosa que seja não é um “adeus”, mas um “até logo".

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